terça-feira, 10 de abril de 2018

Dono

Sim
Também sei
Sei que na lua crua
Tão nua tão tua
O brilho do prata
Tua face exalta
Mostra-te nu – tão cru
Aos olhos teus
Espelho dos meus
Razão que se perdeu
Senhor de mim!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Fazendo arte

Fazendo Arte
.
.
Brinco com tintas
Brinco com letras
Brinco com a vida
Faço-a mais divertida

Brinco de amar, brinco de sonhar
Invento que vou viver para sempre
Faço você também me amar

Tenho muito o que fazer
Tenho muito a correr
Tenho o mundo para ver
Tenho você para viver

Tenho arte nas veias
Tenho brilho nos olhos
Tenho alegria pra distribuir
Para quem não consegue sorrir

Narciso

O melhor da Vida
Narciso que vê
Qual água corrente
Aquilo que lê
Com olhos da mente

Narciso percorre
Águas e trilhas
Retira tristezas
Grudadas nas quilhas

Narciso que clama
Das cinzas a chama
Narciso que ama
Nas dobras da cama

Narciso que mostra
Dentro do espelho
As pétalas da rosa
Em dias tão feios

No sorriso de Narciso
Há tudo que preciso
Nas vindas e nas idas
Encontro o melhor da vida

terça-feira, 19 de julho de 2011

Desejo

Quisera eu que fôssemos
Natureza
Tu, vento cortante
Eu, montanha concreta
Eternamente
A nos embalar
O vento a chicotear-me as entranhas
Esculpindo molduras
Deixando rastros
Em meus cumes pontiagudos
Tirando, por vezes, pequenos pedaços
No vazio a espalhar
E a montanha,
Impávida
Numa brava resistência
Deixando-te entrar, esculpir, fecundar
E lá dentro ouvir
O teu grito, teu rangido, todo teu alvoroçar

Quisera eu, na eternidade
Em tuas nesgas me embalar
E quando se fizesse noite
Ouvir o teu canto
À montanha galgar, teu riso tosco
Tua violência
Teu eterno ir e vir

Quisera eu,
Ter o vento a esperar
Toda manhã, a tardinha
A noite, quando a lua faz clarão
Sentir o teu sopro
A montanha à castigar

Quisera eu...

Por Amor

Troco de roupa
troco de carro
troco de casa
troco de cama

Troco a minha pele
o meu dia
a minha noite

Troco meus olhos
meu medo
meu sorriso

Troco até mesmo de nome.

Carga

Trago para mim
As dores dos outros
Paixões alheias
Lágrimas de outros olhos
Trago para mim
Trago para mim olhares tristes
Gargantas secas
Corações oprimidos
Trago para mim
Esta dor que passa nas telas
Nas novelas
Nas vielas
Nas vidas alheias
Nos cantos escondidos
De ruas escurecidas
Trago para mim a tristeza da menina
Em seu abandono
Trago para mim a desilusão
Da mulher madura que perdeu o coração
Trago para mim o beijo amargo
Da despedida, da mordida
De lábio sangrando
Pr’a expurgar minha própria
Dor.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Vago

A noite cai
Percorro nuvens na calda luminosa
Tateio, busco e encontro
O espaço, vago, profundo, confuso
Do meu desencontro

Penso, repenso, sem resposta
Sem clara luz do entendimento
Sem clara luz da compreensão
Perco-me neste vão momento
Do vago espaço à minha porta

Percorro milhas, atravesso
O universo
Volto ao mesmo ponto
Vago do meu consciente
Viro-me passo reverso
Torno-me indigente
Sem nexo, inverso
Da minha mente